segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

Cada um com o seu cada um... - Por May Maltz

Tenho um amigo que sempre me dizia "cada um com o seu cada um, May" e essa frase nunca fez tanto sentido como faz agora que sou mãe. Cada mãe e pai têm a sua forma de criar o seu filho e não existe certo e errado.

Dia desses estava conversando com uma amiga querida sobre o sono das nossas filhas... Eu dizia que senti necessidade de implementar uma rotina de sonecas diurnas e do sono da noite, apesar dessa rotina limitar um pouco minha vida social... Já ela dizia que se sufocou com a rotina, que ela tentou e não conseguiu implementar uma, pois se sentia muito presa, mas que quando queria dormir até mais tarde a filha a acompanhava e que ela preferia assim... Duas mães diferentes, com necessidades diferentes e com filhos diferentes! Não tem certo e nem errado e sim o que funciona para mim e o que funciona para ela. Simples assim!

Infelizmente o que mais vemos por aí são receitas de bolo infalíveis... é só fazer isso ou aquilo e pronto, seu filho vira o filho perfeito... Mas e se ele não virou o filho perfeito? Aí, claro a culpa é sua, pois você não tentou o suficiente, não implementou o método corretamente, funcionou para todo mundo e se não funcionou para você é porque você é o problema. E sabe o que mais me incomoda? É que essas receitas infalíveis vem sempre daquela mãe perfeita da pracinha, aquela que dá conta de tudo, que o filho nunca fez birra, que dorme 14 horas seguidas sem interrupção, que a vida conjugal está maravilhosa, porque a forma dela criar é a melhor e você não sabe de nada.

Bem, por aqui tem dias ótimos que tudo funciona bem e tem dias que é o verdadeiro caos na terra, como em todas as casas. Faço cama compartilhada e nossas noites melhoraram muito, mas tem dias que são péssimas; sigo uma rotina de horários com as meninas, melhorou a minha vida? Por um lado sim, mas por outro não e nem todos os dias são maravilhosos, apesar da rotina. Meu marido divide todas as tarefas comigo, mas isso não significa que não tenhamos divergências, nossas brigas e eu me sinto sobrecarregada muitas vezes sim, apesar da presença dele. Decidimos não sair a noite com as meninas por um bom tempo, em razão do horário de dormir delas e por questões de segurança, é legal? Muitas vezes não, mas foi a nossa escolha e não cabe a ninguém questionar isso.

O que quero dizer é que cabe a vocês, mãe e pai, decidirem o que é melhor para seu filho, não existe fórmula mágica, o que existe são escolhas e vale mudar, tentar até achar aquilo que funciona melhor aí a sua casa. Trocar experiência ajuda muito, claro! Sempre procuro ouvir as amigas, pois posso aproveitar algo que seja útil para a minha realidade e já aproveitei muitas coisas, mas você faz aquilo que você considera melhor.


O que eu acho que funciona mesmo é amor e paciência. As necessidades das crianças mudam de acordo com a fase que ela está e precisamos ser flexíveis o suficiente para fazer as alterações necessárias, mas isso acontece de acordo com o que queremos e podemos fazer naquele momento. É muito fácil para quem está de fora julgar, mas na hora do perrengue quem está lá lidando com o seu filho é você!! Então faça do seu jeito, confie no seu instinto, pois vai dar certo. 


Não vou ser hipócrita de dizer que as vezes não me vem um julgamento e as vezes ele escapole boca afora sim e que também me deixo abalar pelos julgamentos alheios, mas sempre me vem a mente "cada um com o seu cada um, May".


Mais empatia e menos julgamento, principalmente entre nós mães! Nós precisamos nos ajudar, nos acolher, pois só uma mãe sabe o que outra mãe passa.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

Ser mãe é padecer.... de culpa! - Por May Maltz

Hoje é dia 30 de dezembro de 2016 e são exatamente 20:11 horas. Estava fazendo a Maitê dormir e de repente comecei a chorar... E isso acontece com certa frequência desde o nascimento das meninas. Já chorei inúmeras vezes nesses meus 8 meses de maternidade e por muitos motivos, mas o motivo mais frequente que me faz chorar e que me fez chorar hoje é o desmame precoce das minhas meninas. Simplesmente não consigo aceitar que amamentei por poucos meses... Sinto uma culpa profunda e diariamente me pego pensando em tudo que eu poderia ter feito diferente... Parei de seguir grupos de amamentação, parei de ler depoimentos, parei de ler qualquer coisa sobre o assunto, pois sempre me sinto incompetente cada vez que leio sobre mães de gêmeos... trigêmeos... multigêmeos (!!!!) que conseguiu amamentar exclusivamente e de forma prolongada... Tá sei que é exceção, mas eu acreditei de verdade que eu seria a exceção... Parei de falar para as pessoas que me perguntam sobre o assunto que amamentei por poucos meses, pois invariavelmente eu saía magoada dessa conversa... Ou eu ouvia (raramente): "mas amamentar gêmeos é muito difícil"... É uma tentativa de me consolar, eu sei, mas me incomoda, pois toda vez que escuto essa frase me vem em mente todos aqueles casos (tá, excepcionais, whatever) das mães de múltiplos vitoriosas na amamentação e me sinto uma merda de mãe/mulher... Ou (com muito mais frequência) escuto as formulas mágicas: era só ter feito isso, era só ter feito aquilo... e eu penso em tudo o que tentei, penso em toda aquela teoria... teoria que não deu certo pra mim, simplesmente porque para se colocar a teoria - linda e simples que está lá no papel - em prática muitas vezes é difícil pra kct!!!! 

Tive inúmeras dificuldades que abalaram muito a minha confiança na minha capacidade de amamentar... Tive apoio, muito, mas essa parada é de dentro pra fora, o medo diante da perda de peso das meninas me paralisou e não consegui não complementar com a fórmula e, depois de um tempo, elas não mamaram mais no peito e a culpa me acompanha desde então. Minhas filhas são saudáveis, nunca ficaram doentes (febre só de reação a vacina e nascimento dos dentinhos), se desenvolvem super bem, são muito, muito, infinitamente amadas por mim, são duas menininhas alegres e felizes, mas a culpa por não ter amamentado exclusivamente por 6 meses e por não poder amamentá-las até - pelo menos - dois anos não vai embora e eu te pergunto: por que???? Não sei te responder isso, mas é fato que maternidade e culpa andam de mãos dadas... 
Tenho incontáveis culpas, mas a minha culpa mor é a amamentação, talvez para você a culpa mor seja outra, mas sempre tem uma culpa... É culpa por dar colo demais, culpa por dar colo de menos... Culpa por fazer cama compartilhada, culpa por não fazer... Culpa por deixar chorar por 1 minuto, pois fomos ao banheiro e não conseguimos sair mais rápido... Culpa por ceder a uma manha... Culpa por não ter cedido a manha... Culpa por sentir sono, por estar cansada, por querer tomar um banho demorado, por querer ficar sozinha, por querer transar com o marido em paz, por tirar umas horinhas para cuidar da gente, culpa por ter babá, culpa por pedir ajuda, culpa por sentir falta de quem a gente era antes de ter filhos, culpa por não ter amamentado, por ter amamentado de menos, por ter amamentado demais, culpa por não querer amamentar, culpa por chorar, por se ressentirculpa, culpa, culpa.... Cansa né?? 

Nós, mães, temos uma voz lá dentro da gente que fica ali buzinando toda vez que escapulimos da cartilha da mãe perfeita, a gente tenta não ouvi-la, mas ela aumenta o tom e sucumbimos, nos entregamos a essa culpa e ficamos ali remoendo caaaaada pedacinho dela e nos esquecemos como nos superamos a cada dia, esquecemos de toda renúncia que fazemos e que amamos nossos filhos mais do que tudo e que somos exatamente aquilo que eles precisam, mas, apesar disso, o foco é aquilo que não fizemos, aquilo que não conseguimos, aquilo que erramos....



Lá no meio desse texto escrevi : "Minhas filhas são saudáveis, nunca ficaram doentes (febre só de reação a vacina e nascimento dos dentinhos), se desenvolvem super bem, são muito, muito, infinitamente amadas por mim, são duas menininhas alegres e felizes". Gente, o curto período de amamentação deveria ser um mero detalhe nisso tudo!!! Só que está difícil abrir mão do sentimento de culpa... A parada não é racional, é visceral!

Não sei se é possível ser mãe e não sentir culpa, mas vamos tentar? Afinal, já tem um mundo todo nos julgando, não precisamos fazer coro com ele não é mesmo?!


Sugestão: quando a culpa bater a gente respira fundo três vezes e diz "fiz o que me foi possível fazer neste momento". Repetir quantas vezes for necessário. #tamujunta #maternidadesemculpa #maternidadereal